A prevalência da obesidade tem atingido proporções epidémicas, sendo já uma das principais causas de morbilidade e mortalidade nos países desenvolvidos, superado, inclusivamente, o tabagismo como causa de morte prematura.
Em Portugal, aproximadamente dois terços da população adulta (67,6%) tem excesso de peso ou obesidade.
Sendo que em 2018 ocorreram 46 269 óbitos por doenças relacionadas com a obesidade, o que representa 43% dos óbitos totais ocorridos em Portugal continental nesse ano.
Indivíduos obesos têm, em média, uma expectativa média de vida 5 a 7 anos inferior em comparação com indivíduos com peso normal (IMC 20 a 25).
Sendo o aumento do risco de mortalidade em grande parte devido às causas cardiovasculares, já que a obesidade representa um risco acrescido de diabetes tipo II, hipercolesterolemia, hipertensão arterial e outros fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Segundo M. Javed Ashraf; Mo Med. 2014, apesar do facto da obesidade estar associada a riscos acrescidos para a saúde, nos últimos anos têm surgido algumas notícias confusas e contraditórias sobre “obesidade saudável”, “obesidade benigna” e “paradoxo da obesidade”. Infelizmente, estas notícias tentam minimizar a gravidade de um problema alarmante.
Evidência Científica
Segundo Violet E Klenov e Emily S Jungheim; Curr Opin Obstet Gynecol. 2014, mulheres obesas são menos propensas do que mulheres com peso normal a engravidar. Dados emergentes destacam também a contribuição da obesidade masculina para uma função reprodutiva prejudicada, tendo a obesidade do casal efeitos adversos sinérgicos.
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Segundo Caroline Rhéaume et al. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2011, a obesidade está associada a uma maior prevalência de fatores de risco cardiovascular e a um maior risco de eventos cardiovasculares, contribuindo para o aumento da morbilidade e mortalidade cardiovascular em todo o mundo.
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Segundo Dianne Zakaria e Amanda Shaw; Health Promot Chronic Dis Prev Can. 2017, o número de cancros atribuíveis ao excesso de peso corporal é substancial e continuará a aumentar no futuro próximo devido ao aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade.
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Segundo Amy Berrington de Gonzalez et al. N Engl J Med. 2010, o excesso de peso e a obesidade estão associados ao aumento da mortalidade por todas as causas. A mortalidade por todas as causas é geralmente mais baixa com um IMC de 20,0 a 24,9.
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Segundo Cuilin Zhang et al. Circulation. 2008, as medidas antropométricas de adiposidade abdominal estão forte e positivamente associadas com a morte por todas as causas, doenças cardiovasculares e cancro, independentemente do índice de massa corporal.
Naturopatia
A Naturopatia através das suas diferentes valências e modalidades terapêuticas, nomeadamente o Aconselhamento Dietético Naturopático, a Fitoterapia, a Aromaterapia, a Suplementação Ortomolecular, a Homeopatia, ou as Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar, pode constituir-se como a primeira opção no tratamento do excesso de peso e obesidade.
Aconselhamento Dietético Naturopático
Segundo Kevin D Hall et al. Nat Med. 2021, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado, foi concluído que a alimentação cetogénica (rica em gordura e pobre em hidratos de carbono) originou uma perda de massa livre de gordura (massa muscular e água) muito superior em relação à alimentação de base vegetal (pobre em gordura e rica em hidratos de carbono), já em relação à perda de massa gorda, a alimentação de origem vegetal foi claramente superior em relação à alimentação cetogénica.
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Segundo Kevin D Hall et al. Cell Metab. 2015, através do presente ensaio clínico foi concluído que a restrição de hidratos de carbono na alimentação levou a perdas de gordura corporal de 53 ± 6 g/dia, sendo que a restrição de gordura na alimentação levou a perdas de gordura corporal de 89 ± 6 g/dia.
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Segundo N C Howarth et al. Nutr Rev. 2001, através da presente revisão sistemática foi concluído que o aumento na ingestão de fibras aumenta a saciedade pós-prandial e diminui a fome subsequente. O consumo de 14 g/dia de fibra adicional, está associado a uma diminuição de 10% na ingestão de energia total e perda de peso corporal de 1,9 kg em 3,8 meses.
Segundo Yanni Papanikolaou e Victor L Fulgoni 3rd; J Am Coll Nutr. 2008, através do presente estudo de coorte prospetivo foi concluído que o consumo de feijão está associado a uma maior ingestão de nutrientes, redução da pressão arterial sistólica, menor peso corporal e menor circunferência da cintura.
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Segundo K He et al. Int J Obes Relat Metab Disord. 2004, através do presente estudo de coorte prospetivo com 74,063 mulheres, foi concluído que aumentar a ingestão de frutas e vegetais pode reduzir o risco de ganho de peso e obesidade entre mulheres de meia-idade.
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Segundo Satya P Sharma et al. Nutrients. 2016, considerando a quantidade de açúcares simples encontrados na fruta, seria razoável esperar que o seu consumo contribuísse para a obesidade e não para a redução do peso. No entanto, pesquisas epidemiológicas demostram, consistentemente, que a maioria da fruta apresenta um efeito anti-obesidade. Assim, devido aos seus efeitos anti-obesidade, bem como ao seu teor de vitaminas e minerais, as autoridades de saúde aconselham o consumo de fruta para fins de redução de peso.
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Segundo Jie Li et al. Am J Clin Nutr. 2011, através do presente ensaio clínico foi concluído que mastigar bem os alimentos reduz a ingestão de energia à refeição, podendo tornar-se numa ferramenta útil no combate à obesidade.
Fitoterapia
Segundo Michael Boschmann e Frank Thielecke; J Am Coll Nutr. 2007, através do presente ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foi concluído que o epigalocatequina-3-galato (EGCG) tem o potencial de aumentar a oxidação de gordura, podendo, assim, contribuir para os efeitos anti-obesidade do chá verde.
Segundo Mahdieh Golzarand et al. Complement Ther Med. 2020, através da presente revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo, foi concluído que a Garcinia cambogia teve um efeito significativo na diminuição do peso corporal, índice de massa gorda e circunferência da cintura.
Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar
Segundo Leslie H Willis et al. J Appl Physiol (1985). 2012, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado, foi concluído que o exercício físico aeróbico é a forma ideal de exercício para reduzir a massa gorda. O treino de resistência é indicado para aumentar a massa magra em indivíduos com excesso de peso/obesidade.
Segundo Kathleen C Spadaro et al. J Complement Integr Med. 2017, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado, foi concluído que a meditação da atenção plena (mindfulness) aumentou a perda de peso em 2,8 kg, possivelmente pela melhoria dos comportamentos alimentares.
Bibliografia:
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