Hiperplasia Benigna da Próstata

A Consulta de Naturopatia e a Hiperplasia Benigna da Próstata

A hiperplasia benigna da próstata é o quarto diagnóstico mais comum em homens a partir da meia idade, sendo que quase metade de todos os homens com mais de 45 anos sofre de, pelo menos, algum grau de aumento da próstata.

Os sintomas mais comuns da hiperplasia benigna da próstata são sintomas do trato urinário inferior, no entanto, outras condições como cancro da próstata ou bexiga, bexiga hiperativa, infeções do trato urinário, prostatite, estenose uretral e litíase vesical podem também causar sintomas do trato urinário inferior, devendo assim ser descartados antes que o diagnóstico de hiperplasia benigna da próstata seja feito.    

A teoria predominante sobre a causa da hiperplasia benigna da próstata aponta para o aumento da conversão de testosterona em dihidrotestosterona (responsável pelo aumento da próstata) pela enzima 5-alfa redutase.  

Assim, a maioria da investigação científica sobre a hiperplasia benigna da próstata e o seu tratamento farmacêutico, tem-se concentrado na regulação da dihidrotestosterona através da inibição da 5-alfa redutase.

No entanto, estudos científicos mais recentes apontam ainda para o efeito da relação estrogénio / testosterona sobre a hiperplasia benigna da próstata.

Os estrogénios no homem resultam predominantemente da aromatização periférica dos androgénios testiculares e adrenais (transformação de androgénios em estrogénios pela enzima aromatase).

E embora a produção testicular e adrenal de androgénios diminua com a idade, os níveis de estrogénios plasmáticos não diminuem.

De facto, no envelhecimento masculino os níveis de estrogénio permanecem relativamente constantes ou até aumentados devido ao aumento da atividade da aromatase, muitas das vezes relacionado com a acumulação de gordura corporal (os adipócitos contêm aromatase).   

Medicamentos

Evidência Científica

Segundo Abdulmaged M Traish et al. Korean J Urol. 2014, como a conversão da testosterona em dihidrotestosterona pela enzima 5-alfa redutase resulta no crescimento benigno anormal da próstata, a inibição dessa reação metabólica foi identificada como fator essencial no desenvolvimento de medicamentos para tratar os sintomas da hiperplasia benigna da próstata.

No entanto, isoformas da 5-alfa redutase encontram-se amplamente distribuídas por diferentes tecidos do corpo, incluindo o sistema nervoso central, resultando assim a inibição da 5-alfa redutase, no bloqueio da síntese de diferentes hormonas neuroativas, o que vai causar uma série de efeitos adversos.

Existindo evidências consideráveis de estudos pré-clínicos e clínicos que apontam para efeitos adversos significativos e graves dos medicamentos inibidores da 5-alfa redutase na saúde sexual, saúde vascular, saúde psicológica e na qualidade de vida geral.

Fitoterapia

Naturopatia

Assim, a Naturopatia através das suas diferentes valências e modalidades terapêuticas, nomeadamente o Aconselhamento Dietético Naturopático, a Fitoterapia, a Aromaterapia, a Suplementação Ortomolecular, a Homeopatia, ou as Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar, pode constituir-se como alternativa viável e segura ao tratamento convencional para a Hiperplasia Benigna da Próstata.  

Aconselhamento Dietético Naturopático

Segundo Arrigo F G Cicero et al. Arch Ital Urol Androl. 2019, através da presente revisão sistemática, foi concluído que a baixa ingestão de proteína animal e uma alta ingestão de frutas e vegetais, licopeno e zinco, são fatores protetores para a hiperplasia benigna da próstata.

Cebola

Segundo Carlotta Galeone et al. Urology. 2007, através do presente estudo de caso controle, foi concluído que existir uma associação inversa entre a ingestão de cebola e alho e a hiperplasia benigna da próstata.

Fitoterapia

Segundo Masanori Noguchi et al. Asian J Androl. 2008, através do presente ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foi concluído que o o extrato de Ganoderma lucidum foi eficaz e significativamente superior ao placebo a melhorar o International Prostate Symptom Score (IPSS).

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Segundo Fatih Hizli e M Cemil Uygur; Int Urol Nephrol. 2007, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado, foi concluído que o tratamento da hiperplasia benigna próstata com Serenoa repens (SR) e tansulosina (TAM) parece ser eficaz isoladamente. Nenhum deles demonstrou superioridade sobre o outro e, adicionalmente, a terapia combinada (SR + TAM) não fornece benefícios extras. Assim, a Serenoa repens é um agente bem tolerado que pode ser usado no tratamento dos sintomas do trato urinário inferior devido à hiperplasia benigna da próstata.

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Segundo J Breza et al. Curr Med Res Opin. 1998, através do presente ensaio clínico foi concluído que o extrato de Pygeum africanum induz uma melhoria significativa no International Prostate Symptom Score (IPSS) e nos parâmetros de urofluxometria, resultado numa melhoria substancial na qualidade de vida.

Reishi Ganoderma lucidum

Segundo Burcu Erbaykent Tepedelen et al. Life Sci. 2017, o epigalocatequina-3-galato (EGCG) suprimiu a proliferação de células na hiperplasia benigna da próstata através da inibição da inflamação e stress oxidativo.

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Segundo Nikan Zerafatjou et al. BMC Urol. 2021, através do presente ensaio clínico randomizado, simples-cego e controlado, foi comparado os efeitos da tansulosina e do óleo de sementes de abóbora nos sintomas da hiperplasia benigna da próstata, tendo havido uma diminuição significativa no International Prostate Symptom Score (IPSS) e uma melhoria significativa na qualidade de vida em ambos os grupos, embora a diminuição do IPSS desde o início do estudo até ao 1º mês tenha sido maior no grupo tansulosina em comparação com o grupo abóbora (P = 0,048 e P = 0,020, respetivamente), a diminuição do IPSS do 1º ao 3º mês foi semelhante (P = 0,728). No entanto, nenhum dos pacientes do grupo óleo de sementes de abóbora apresentou efeitos colaterais, enquanto tontura (5,9%), dor de cabeça (2,9%), ejaculação retrógrada (2,9%) e eritema com prurido ocorreram no grupo da tansulosina.

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Segundo Wei Zhang et al. J Med Food. 2008, através do presente ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foi concluído que o extrato de linhaça melhora os sintomas do trato urinário inferior em indivíduos com hiperplasia benigna da próstata, sendo a sua eficácia terapêutica comparável à dos medicamentos bloqueadores alfa-adrenérgicos e inibidores da 5alfa-redutase.

Suplementação Ortomolecular

Segundo Abolfazl Zendehdel et al. Clin Nutr. 2021, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado por placebo, foi concluído que a vitamina D apresenta um efeito de redução do volume da próstata, diminuição dos níveis de antígeno prostático específico (PSA) e melhoria dos sintomas de hiperplasia benigna da próstata.

Medicina Ortomolecular Vitamina D

Homeopatia

Segundo A K Hati et al. Homeopathy. 2012, através do presente ensaio clínico foi concluído que 85% dos pacientes tratados com homeopatia, apresentaram melhoria de sintomas como frequência, urgência, fluxo intermitente, micção insatisfatória e diminuição do volume da urina residual, sem, no entanto, ter existido uma redução no tamanho da próstata.

frascos de homeopatia

Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar

Segundo J K Parsons; Curr Opin Urol. 2011, os fatores de estilo de vida associados a um risco acrescido de hiperplasia benigna da próstata e sintomas do trato urinário inferior incluem obesidade, diabetes e consumo de carne e gordura. Os fatores de estilo de vida associados à diminuição dos riscos incluem a atividade física, consumo de vegetais e ingestão moderada de álcool.

Bibliografia:

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