Alimentação Saudável

A Naturopatia e a Saúde – Microbioma Humano

Todos nós estamos cobertos com triliões de bactérias, sendo que por cada célula que compõe o nosso corpo, há 9 bactérias que nele habitam.

Estas bactérias fazem parte do microbioma humano, juntamente com fungos, vírus e archaea.

Elas cobrem cada centímetro de área da superfície do corpo, desde o couro cabeludo, interior da boca ou revestimento do esôfago, com o intestino a hospedar, de longe, a maior comunidade, sendo que, enquanto algumas dessas bactérias são essenciais para a nossa saúde, outras podem provocar variadas doenças.

Estudos recentes têm vindo a revelar as diferentes maneiras como certas bactérias e o equilíbrio entre elas pode afetar a saúde.                   

As bactérias boas (simbiontes) da microbiota intestinal desempenham vários papéis, incluindo metabolizar nutrientes provenientes da alimentação, ou ajudar o sistema imunitário a prevenir a invasão de agentes patogénicos.

Tempeh

No entanto, a microbiota intestinal geralmente também abriga bactérias menos boas (patobiontes), com vários estudos a relacionaram um desequilíbrio entre bactérias boas e más, com distúrbios como a artrite, síndrome do cólon irritável, obesidade, cancro ou depressão.

Idade, genética, alimentação, meio ambiente e estilo de vida, parecem influenciar as espécies de bactérias que compõem o microbioma e, embora não seja possível controlar todos esses fatores, as escolhas alimentares e de estilo de vida (fumar, beber, exercício físico) vão favorecer um dos grupos de bactérias, boas ou más, especialmente a longo prazo.

Estudos científicos sugerem que comer vegetais, cereais integrais e leguminosas, ajuda as bactérias boas a desenvolverem-se ao fornecer-lhes hidratos de carbono complexos que o corpo humano não consegue digerir.

Além disso, alimentos fermentados como o miso, tempeh, kimchi, kombucha ou chucrute, também podem adicionar bactérias boas ao sistema gastrointestinal.

Por fim, os estudos demostram ainda que a gordura e o açúcar favorecem as bactérias causadoras de doenças, estando correlacionados com uma composição bacteriana mais   desfavorável.

Leguminosas

Evidência Científica

Depressão e Ansiedade

Segundo Anastasiya Slyepchenko et al. CNS Neurol Disord Drug Targets. 2014, na última década, vários estudos têm vindo a demonstrar uma relação bidirecional entre o microbioma intestinal e a função cerebral (eixo microbiota-intestino-cérebro).

Sendo que a presente revisão sistemática conclui que a modulação da microbiota intestinal pode constituir-se como opção terapêutica no tratamento e prevenção dos transtornos de humor e ansiedade.

Doenças Cardiovasculares

Segundo Kieran M Tuohy et al. Proc Nutr Soc. 2014, a microbiota intestinal humana foi identificada como um possível novo fator de risco nas doenças cardiovasculares (DCV).

Perfis aberrantes da microbiota intestinal têm sido associados a processos fisiológicos ligados ao risco de doenças cardiovasculares (DCV).

Naturopatia Alimentação

Doença de Alzheimer

Segundo Cesare Mancuso e Rosaria Santangelo; Pharmacol Res. 2018, estudos recentes sugerem que algumas bactérias que constituem a microbiota intestinal podem produzir placa amiloide, o que desencadeia uma resposta inflamatória sistémica que compromete funções cerebrais complexas, como a capacidade de aprendizagem e memória.

Os resultados da presente revisão sistemática sugerem uma ligação direta entre as alterações na microbiota intestinal e o desenvolvimento da doença de Alzheimer, sendo que a disbiose pode ser consequência de hábitos alimentares errados.

Infeções Respiratórias

Segundo Rebecca L. Brown et al. Nat Commun. 2017, a microbiota promove a resistência contra infeções respiratórias através da sinalização do fator estimulador de colónias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), que estimula a destruição e eliminação de patógenos pelos macrófagos alveolares.

O aumento da produção pulmonar de GM-CSF em resposta às infeções é estimulado pela microbiota através da interleucina-17A.

Cancro do Cólon e Reto

Segundo Kim Y C Fung et al. J Proteome Res. 2011, os ácidos gordos de cadeia curta (butirato, propionato e acetato), são produzidos no intestino através da fermentação da fibra alimentar pela microbiota do cólon.

O butirato em particular, é a fonte de energia principal das células da mucosa do cólon e demonstrou induzir a apoptose no cancro colorretal.

Bibliografia:

Gut emotions – mechanisms of action of probiotics as novel therapeutic targets for depression and anxiety disorders http://www.eurekaselect.com/article/63700

The way to a man’s heart is through his gut microbiota – dietary pro-and prebiotics for the management of cardiovascular risk https://www.cambridge.org/core/journals/proceedings-of-the-nutrition-society/article/way-to-a-mans-heart-is-through-his-gut-microbiota-dietary-pro-and-prebiotics-for-the-management-of-cardiovascular-risk/A10EBF1A7F0AB9E9F1EBF874DC287FF5#

Alzheimer’s disease and gut microbiota modifications: The long way between preclinical studies and clinical evidence https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1043661817315748?via%3Dihub

The microbiota protects against respiratory infection via GM-CSF signaling https://www.nature.com/articles/s41467-017-01803-x

Butyrate-Induced Apoptosis in HCT116 Colorectal Cancer Cells Includes Induction of a Cell Stress Response https://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/pr1011125