A acne é uma condição de pele persistente que ocorre quando os folículos pilosos ficam obstruídos por excesso de oleosidade, células mortas ou bactérias.
A acne é mais comum entre os adolescentes, com uma prevalência relatada de aproximadamente 80 a 90%, no entanto, cada vez mais crianças e mulheres adultas são também elas afetadas.
Fatores de risco para o desenvolvimento da acne incluem as alterações hormonais causadas pela puberdade ou gravidez, certos medicamentos como os anticoncecionais ou os corticosteroides e uma alimentação pouco saudável.
Dependendo da gravidade, a acne pode originar cicatrizes na pele e stress emocional.


A Naturopatia através das suas diferentes valências e modalidades terapêuticas, nomeadamente o Aconselhamento Dietético Naturopático, a Fitoterapia, a Aromaterapia, a Suplementação Ortomolecular, a Homeopatia, ou as Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar, pode constituir-se como alternativa viável aos fármacos prescritos para a acne repletos de efeitos adversos, alguns dos quais podendo mesmo ser graves.
Aconselhamento Dietético Naturopático
Segundo H R Ferdowsian e S Levin; 2010, aproximadamente 80 a 90% de todos os adolescentes apresentam algum grau de acne, sendo os adultos, muitas das vezes, também afetados.
A acne forma-se como resultado da obstrução e inflamação dos folículos pilosos e das respetivas glândulas sebáceas, podendo a condição ser inflamatória ou não inflamatória e envolver a colonização do folículo por bactérias (normalmente Propionibacterium acnes).
Com o aumento da atividade hormonal, a produção de sebo e o bloqueio dos folículos também aumenta, resultando na formação de comedões fechados (pontos brancos) ou comedões abertos (pontos negros).


Estudos populacionais sugerem uma correlação entre a alimentação e a acne. Grandes estudos observacionais controlados demonstraram que dietas ricas em produtos lácteos estão associadas a um aumento no risco e na gravidade da acne, com os investigadores a encontrarem uma associação significativa entre todas as variedades de leite de vaca e a acne.
A relação entre o leite e a gravidade da acne pode ser explicada pela presença de hormonas esteroides nos lacticínios ou pela estimulação da produção de hormonas como a IGF-1, o que aumenta a exposição aos andrógenos e, portanto, o risco de acne.
Descobertas recentes também descrevem uma associação positiva entre uma dieta de alto índice glicémico e uma duração mais longa da acne. Além disso, ensaios clínicos randomizados demonstraram que uma dieta de baixa carga glicémica pode influenciar positivamente os níveis hormonais e melhorar a sensibilidade à insulina e a acne.
Fitoterapia
Segundo P H Lu e C H Hsu; 2016, um subconjunto de mulheres adultas desenvolve acne principalmente na face, sendo muitas submetidas a tratamentos padrão sem sucesso.
Durante a última década, quatro processos patológicos principais foram implicados no desenvolvimento da acne de início na idade adulta, nomeadamente o aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas, a queratinização alterada de queratinócitos foliculares, a atividade da Propionibacterium acnes e a inflamação.


O epigalocatequina-3-galato (EGCG), o principal polifenol encontrado no chá verde, apresenta potente atividade anticarcinogénica, anti-inflamatória e antimicrobiana, podendo modular vários fatores patológicos envolvidos na acne, incluindo a hiperseborreia, lipogénese, inflamação e o crescimento excessivo de P. acnes.
Estas observações levaram à hipótese de que o epigalocatequina-3-galato (EGCG), pode ser benéfico em mulheres com acne pós-adolescente. Assim, foi fornecida uma dose diária de 856mg de epigalocatequina-3-galato (EGCG), para examinar os efeitos do chá verde descafeinado em mulheres com acne pós-adolescente.
Tendo sido concluído que o grupo do chá verde descafeinado apresentou uma redução significativa nas lesões inflamatórias da testa e bochecha, assim como na contagem total de lesões. Além disso, a administração do chá verde descafeinado resultou numa redução significativa nos níveis de colesterol total.
Aromaterapia
Segundo Harsimran Kaur Malhi et al. 2017, a acne é uma doença de pele comum causada por uma combinação de fatores, incluindo a inflamação, produção excessiva de sebo, descamação anormal do epitélio folicular e uma resposta imunitária à Propionibacterium acnes.
A acne ocorre principalmente em adolescentes e jovens adultos com até 90% dos adolescentes afetados em alguma fase das suas vidas. Além disso, a acne persistente ou de início tardio em adultos, apresenta taxas de prevalência superiores a 50%.
Além do desconforto e possíveis cicatrizes, a acne pode também causar problemas emocionais e psicológicos graves.
Os principais tratamentos da acne envolvem uma ação antimicrobiana, ação anti-inflamatória, normalização da hiperqueratinização folicular e redução da produção de sebo.


O óleo essencial de Tea tree, derivado por destilação a vapor da planta australiana Melaleuca alternifólia, tem vindo a ser usado medicinalmente na Austrália desde 1920, principalmente como agente antimicrobiano ou anti-inflamatório tópico.
Vários estudos anteriores demonstraram que o óleo essencial de Tea tree é benéfico no tratamento da acne, resultando em menos lesões de acne presentes após a terapia.
O objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia, tolerabilidade e aceitabilidade de um gel contendo 200mg/g de óleo essencial de Tea tree para o tratamento da acne leve a moderada.
Tendo sido concluído que o óleo essencial de Tea tree reduz o número de lesões e é bem tolerado quando usado no tratamento da acne facial leve a moderada.
Suplementação Ortomolecular
Segundo Seul-Ki Lim et al. 2016, embora vários fatores contribuam para o desenvolvimento da acne, a inflamação crónica representa um importante mecanismo.
Além disso, a Propionibacterium acnes desencadeia a ativação das citocinas, o que significa que o sistema imunitário inato é também um importante fator no seu desenvolvimento.
A vitamina D influencia positivamente o sistema imune inato e adaptativo através da sua ação sobre os linfócitos T e B, células dendríticas e macrófagos, estando associada a doenças inflamatórias sistémicas, como a artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistémico e doença inflamatória intestinal.


Em doenças dermatológicas, a vitamina D desempenha um importante papel como moduladora imunitária na dermatite atópica, psoríase, vitiligo e alopecia.
A identificação de recetores de vitamina D nas glândulas sebáceas e a sua ação moduladora sobre a produção de lipídios e citocinas sugerem uma possível associação entre a vitamina D e a fisiopatologia da acne.
Assim, o presente estudo avaliou os níveis de vitamina D no soro de pacientes com acne em comparação com controles saudáveis, juntamente com os efeitos da sua suplementação.
Tendo sido concluído que a deficiência de vitamina D foi detetada em 48,8% dos pacientes com acne, mas em apenas 22,5% dos controles saudáveis.
O nível de vitamina D foi inversamente associado à gravidade da acne, havendo uma correlação negativa significativa com as lesões inflamatórias.
Num ensaio subsequente e após suplementação, foi observada uma melhoria das lesões inflamatórias em 39 pacientes com acne que apresentavam deficiência de vitamina D.
Homeopatia
Segundo Lawrence C Nwabudike; 2018, a acne vulgar é uma doença das unidades pilossebáceas, sendo que o aspeto estético do transtorno pode provocar depressão e diminuir a qualidade de vida.
Existem 4 fatores patogénicos envolvidos na acne: hiperceratose folicular, acumulação de sebo, presença de bactérias e inflamação.
Vários fármacos são usados no tratamento da acne, nomeadamente os retinoides, os antibióticos, o ácido benzoico, o ácido azelaico e as hormonas, sendo que estes agentes apresentam efeitos colaterais, por vezes graves.


No presente relato clínico são apresentados 2 casos de acne grave tratados com medicamentos homeopáticos individualizados.
Ambos os pacientes foram tratados com o método clássico da homeopatia, ou seja, um único medicamento foi prescrito com base nas características individuais do paciente.
Os casos foram documentados fotograficamente no início e durante o tratamento. Ambos os pacientes entraram em remissão após o tratamento, e o acompanhamento de longo prazo sugeriu que a terapia permaneceu eficaz por muito tempo após a interrupção do tratamento, não tendo sido observados efeitos colaterais significativos.
Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar
Segundo Whitney P Bowe e Alan C Logan; 2011, a comorbidade entre doenças crónicas da pele e os transtornos mentais há muito é reconhecida.
A acne vulgar é um distúrbio dermatológico comum frequentemente associado à depressão, ansiedade e outras complicações psicológicas.
Juntamente com o declínio psicológico, há também indicações de que pacientes com acne correm um maior risco de sofrer de distúrbios gastrointestinais.


A noção de que a microbiota intestinal, doenças inflamatórias da pele como a acne e sintomas psicológicos como a depressão estão fisiologicamente interligados não é nova. Nem é a noção de que as chamadas bactérias probióticas podem mediar tanto a inflamação da pele como a saúde mental.
A capacidade da microbiota intestinal e dos probióticos orais para influenciar a inflamação sistémica, o stress oxidativo, o controle glicémico, o conteúdo lipídico dos tecidos e mesmo o próprio humor, pode ter importantes implicações na acne.
Links:
Does diet really affect acne? https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20361171/
Does supplementation with green tea extract improve acne in post-adolescent women? A randomized, double-blind, and placebo-controlled clinical trial https://www.cochranelibrary.com/central/doi/10.1002/central/CN-01136999/references#0
Tea tree oil gel for mild to moderate acne; a 12 week uncontrolled, open-label phase II pilot study https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/ajd.12465
Comparison of Vitamin D Levels in Patients with and without Acne: A Case-Control Study Combined with a Randomized Controlled Trial https://journals.plos.org/plosone/article/figure?id=10.1371/journal.pone.0161162.g005
Case Reports of Acne and Homeopathy https://www.karger.com/Article/Abstract/486309
Acne vulgaris, probiotics and the gut-brain-skin axis – back to the future? https://gutpathogens.biomedcentral.com/articles/10.1186/1757-4749-3-1