A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido que normalmente reveste o interior do útero (endométrio) fora da cavidade uterina, frequentemente afetando ovários, trompas de Falópio e outros tecidos que envolvem a região abdominal.
A endometriose pode causar dor, às vezes intensa, especialmente durante os períodos menstruais.
Todos os meses o endométrio cresce no início do ciclo menstrual para permitir a implantação de um possível embrião, para descamar durante a menstruação quando não há gravidez e voltar a crescer no ciclo seguinte.
O crescimento do endométrio, é controlado durante o ciclo menstrual por hormonas como o estrogénio e a progesterona.
O tecido que cresce fora do útero (endométrio ectópico) comporta-se de forma semelhante, mas ao não ter forma de sair do corpo, fica preso e causa inflamação.
Causas:
- Componente genética
- Desequilíbrio hormonal (níveis elevados de estrogénio e baixos de progesterona)
Devido a:
- Stress crónico
- Alimentação pouco saudável
- Função hepática comprometida
- Disbiose intestinal
- Xenoestrogénios
O fígado é responsável por metabolizar o estrogénio (e outras hormonas) para que possa ser eliminado através do intestino grosso. Quando a função hepática se encontra comprometida, o estrogénio e os seus metabólitos não são eliminados adequadamente, sendo reciclados por todo o corpo.
Além do fígado, a microbiota intestinal também desempenha um papel importante no metabolismo do estrogénio, com certas bactérias indesejadas a produzirem uma enzima chamada beta-glucuronidase que faz com que o estrogénio seja reciclado através do intestino grosso.
Sendo que uma alimentação com baixo teor de fibras e alto teor de gordura aumenta a atividade desta enzima.
Evidência Científica
Segundo Alison McCallion et al. Front Immunol. 2022, a endometriose é uma doença inflamatória crónica dependente de estrogénio e caracterizada pelo crescimento do revestimento endometrial fora do útero.
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Segundo Ryan M Marquardt et al. Int J Mol Sci. 2019, na endometriose, os níveis de progesterona e estrogénio encontram-se geralmente em desequilíbrio, havendo uma predominância de estrogénio. Este desequilíbrio hormonal resulta em inflamação e dor pélvica, podendo também diminuir a recetividade endometrial à implantação do embrião.
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Segundo Nadja Tariverdian et al. J Mol Med (Berl). 2010, baixos níveis de progesterona na fase folicular, podem ser responsáveis pela progressão da endometriose e dor relacionada.
Segundo Francisco M Peinado et al. Int J Environ Res Public Health. 2020, através do presente ensaio clínico foi concluído que a exposição aos bisfenóis (compostos sintéticos usados na produção de plásticos), pode aumentar o risco de endometriose.
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Segundo Linda S Birnbaum e Audrey M Cummings; Environ Health Perspect. 2002, existem evidências de que as dioxinas (poluentes orgânicos persistentes no meio ambiente) podem aumentar a incidência e a gravidade da endometriose.
Nota: A via mais relevante de exposição humana às dioxinas prende-se com a ingestão de alimentos, sendo a principal fonte os produtos de origem animal (carne, leite, ovos, peixe e seus derivados) https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/dioxinas-e-pcb-o-que-sao-e-onde-estao.aspx
Naturopatia
A Naturopatia através das suas diferentes valências e modalidades terapêuticas, nomeadamente o Aconselhamento Dietético Naturopático, a Fitoterapia, a Aromaterapia, a Suplementação Ortomolecular, a Homeopatia, ou as Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar, pode constituir-se como alternativa viável no tratamento da endometriose.
Aconselhamento Dietético Naturopático
Segundo Kazumi Maruyama et al. Pediatr Int. 2010, as vacas leiteiras modernas, geneticamente melhoradas, continuam a lactar durante quase toda a gestação. Assim, o leite de vaca comercial recente contém grandes quantidades de estrogénios e progesterona.
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Segundo Stacey A Missmer et al. Hum Reprod. 2010, através do presente estudo de coorte prospetivo foi concluído que mulheres com maior consumo de ácidos gordos ômega-3, apresentaram menor probabilidade de serem diagnosticadas com endometriose, sendo que mulheres com maior ingestão de gordura trans, apresentaram a maior probabilidade de serem diagnosticadas com endometriose.
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Segundo Sutrisno Sutrisno et al. J Tradit Complement Med. 2017, a genisteína (isoflavona presente na soja) é capaz de modular o recetor-α e o recetor-β de estrogénio e inibir o desenvolvimento da inflamação e angiogénese em modelo de endometriose peritoneal.
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Segundo Li-Chun Chang et al. Biomedicines. 2020, o fucoidan (grupo de polissacarídeos encontrados nas algas castanhas) possui efeitos anti-proliferativos e anti-inflamatórios, melhorando assim a endometriose.
Segundo Aixiu Zhou et al. Dose Response. 2019, o sulforafano (isotiocianato encontrado nos vegetais crucíferos) melhorou a endometriose através de múltiplos efeitos, nomeadamente pela diminuição dos níveis de citocinas inflamatórias, diminuição da expressão do fator de crescimento endotelial vascular e regulação da expressão de biomarcadores relacionados à apoptose.
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Segundo Daniel Escorsim Machado et al. PLoS One. 2016, os presentes resultados sugerem que o açaí efetivamente suprimiu o estabelecimento e o crescimento de lesões endometrióticas, constituindo-se, pois, como um tratamento promissor para a endometriose.
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Segundo César Angel Hernández Guerrero et al. Ginecol Obstet Mex. 2006, a ingestão de antioxidantes em mulheres com endometriose, apresentou correlação inversa com a intensidade da patologia
Fitoterapia
Segundo Ki-Hyung Kim et al. Phytother Res. 2012, a curcumina (composto polifenólico encontrado na Curcuma longa) pode ter potenciais efeitos terapêuticos na prevenção e tratamento da endometriose.
Segundo Hui Xu et al. Fertil Steril. 2011, o epigalocatequina-3-galato (EGCG) do chá verde, inibiu a angiogénese e suprimiu a expressão e a sinalização dos fatores de crescimento endotelial vascular na endometriose experimental.
Aromaterapia
Segundo Adele Contini et al. Food Chem Toxicol. 2020, os óleos essenciais de Helichrysum italicum Roth (G. Don), Salvia somalensis Vatke e Achillea millefolium L. apresentaram acentuada atividade anti estrogénica.
Suplementação Ortomolecular
Segundo Abolfazl Mehdizadehkashi et al. Gynecol Endocrinol. 2021, através do presente ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foi concluído que a suplementação de vitamina D em pacientes com endometriose, resultou numa melhoria significativa da dor pélvica, relação colesterol total / colesterol HDL e proteína C reativa.
Homeopatia
Segundo Marcus Zulian Teixeira et al. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2017, através do presente ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foi concluído que o uso de estrogénio potenciado para o tratamento da dor pélvica associada à endometriose, foi significativamente mais eficaz do que o placebo.
Recomendações Essenciais de Saúde e Bem-estar
Segundo Andrea Vasconcelos Gonçalves et al. J Altern Complement Med. 2017, através do presente ensaio clínico randomizado e controlado, foi concluído que a prática de Yoga foi associada a uma redução nos níveis de dor pélvica crónica e melhoria na qualidade de vida em mulheres com endometriose.
Bibliografia:
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