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Prevenção do cancro – Parte 1

Segundo a revisão sistemática: Cancer is a Preventable Disease that Requires Major Lifestyle Changes, publicada no jornal académico Pharmaceutical Research, o cancro é causado por fatores internos (mutações hereditárias, condições hormonais ou imunológicas) e fatores ambientais / adquiridos (tabagismo, alimentação, radiação e organismos infeciosos). A ligação entre a dieta e o cancro é revelada pela grande variação nas taxas de cancros específicos em diferentes países e pelas alterações observadas na incidência do cancro perante a migração. Por exemplo, os asiáticos revelam uma incidência 25 vezes menor de cancro da próstata e dez vezes menor de cancro da mama do que os residentes em países ocidentais, no entanto, as taxas desses mesmos cancros aumentam substancialmente quando os asiáticos migraram para o Ocidente.

A importância dos fatores de estilo de vida no desenvolvimento do cancro foi também demonstrada através de estudos com gémeos monozigóticos, chegando-se à conclusão que apenas 5% a 10% de todos os cancros são devido a um defeito genético hereditário. Embora todos os cancros sejam resultado de múltiplas mutações, essas mutações são devidas à interação com o ambiente.

Estas observações indicam que a maioria dos cancros não são de origem hereditária e que fatores relacionados com o estilo de vida, como hábitos alimentares, tabagismo, consumo de álcool e infeções, influenciam profundamente o seu desenvolvimento.

Embora os fatores hereditários não possam ser modificados, o estilo de vida e os fatores ambientais são potencialmente modificáveis. A menor influência hereditária do cancro e a natureza modificável dos fatores ambientais, apontam assim inequivocamente para a necessidade da prevenção.

Os fatores importantes no estilo de vida que afetam a incidência e a mortalidade no cancro incluem o tabaco, álcool, alimentação, obesidade, agentes infeciosos, poluentes ambientais e radiação.

cigarros e cancro

Fatores de Risco no Cancro

Tabaco

O uso de tabaco aumenta o risco de desenvolver pelo menos 14 tipos de cancro. Além disso, é responsável por cerca de 25 a 30% de todas as mortes por cancro e 87% das mortes por cancro do pulmão.

O tabaco contém pelo menos 50 substâncias cancerígenas.

álcool

Álcool

O consumo crónico de álcool é um fator de risco para cancros do trato aerodigestivo superior, incluindo cancro da boca, faringe, hipofaringe, laringe e esôfago, bem como para cancro do fígado, pâncreas e mama.

Há também fortes evidências de um efeito sinérgico entre a ingestão de álcool e o vírus da hepatite C e hepatite B, que presumivelmente aumenta o risco de carcinoma hepatocelular pela promoção ativa da cirrose.

No trato aerodigestivo superior, 25 a 68% dos cancros são atribuíveis ao consumo de álcool. Globalmente, a percentagem atribuível de mortes por cancro devido ao consumo de álcool é de 3,5%. O número de mortes por cancro conhecidas por estarem relacionadas com o consumo de álcool variam de país para país, mas na França aproximam-se dos 20% em homens.

alimentação saudável e cancro

Alimentação

Estima-se que aproximadamente 30 a 35% das mortes por cancro nos EUA estejam relacionadas com a alimentação. A percentagem em que a dieta contribui para mortes por cancro varia de acordo com o tipo de cancro. Por exemplo, a dieta está relacionada com a morte por cancro colorretal em até 70% dos casos.

A maioria dos carcinogénicos ingeridos, como os nitratos, nitrosaminas, pesticidas e dioxinas, vêm dos alimentos, aditivos alimentares ou do método de preparação (cozinhar).

A carne vermelha é um fator de risco para vários tipos de cancro, especialmente para colorretal, próstata, bexiga, mama, gástrico, pancreático e oral.

O bisfenol presente em recipientes de plástico pode migrar para os alimentos e aumentar o risco de cancro da mama e próstata. A ingestão de arsénio pode aumentar o risco de cancro da bexiga, rim, fígado e pulmão. Os ácidos gordos saturados, trans e o açúcar e farinhas refinadas presentes na maioria dos alimentos também têm sido associados a vários tipos de cancro.

obesidade

Obesidade

A obesidade tem sido associada ao aumento da mortalidade por cancro do cólon, mama (em mulheres na pós-menopausa), endométrio, rins (células renais), esófago (adenocarcinoma), cárdia gástrica, pâncreas, próstata, vesícula biliar e fígado.

Estudos demostram que os denominadores comuns entre a obesidade e o cancro incluem hormonas como o fator de crescimento IGF-1, a insulina, a leptina, os esteroides sexuais; a adiposidade, a resistência à insulina; e a inflamação.

Agentes infeciosos

Em todo o mundo, estima-se que 17,8% das neoplasias estão associadas a infeções.

Nos países desenvolvidos ocidentais os vírus oncogénicos mais frequentemente encontrados são o papiloma vírus humano e o vírus da hepatite B.

Outros microrganismos, incluindo parasitas como Opisthorchis viverrini ou Schistosoma haematobium e bactérias como Helicobacter pylori, também podem estar envolvidos, atuando como cofatores e / ou carcinógenos.

Poluição ambiental

A poluição ambiental tem sido associada a vários tipos de cancro. Isso inclui a poluição do ar exterior por partículas de carbono associadas a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs); poluição do ar em ambientes fechados por fumo de tabaco, formaldeído e compostos orgânicos voláteis, como o benzeno e o 1,3-butadieno; a poluição de alimentos por aditivos alimentares e por contaminantes carcinogénicos, como os nitratos, pesticidas, dioxinas e outros organoclorados; metais e metaloides cancerígenos; medicamentos farmacêuticos; e cosméticos.

radiação solar e cancro

Radiação

Até 10% do total de casos de cancro podem ser induzidos por radiação, tanto ionizante quanto não ionizante. Os cancros induzidos por radiação incluem alguns tipos de leucemia, linfoma, cancros da tiroide, cancros da pele, sarcomas, carcinomas do pulmão e da mama.

A exposição ao rádon em casa e / ou nos locais de trabalho (como minas) é a fonte mais comuns de radiação ionizante.

Outra fonte de exposição à radiação são os aparelhos de raios X usados em ambientes médicos para fins de diagnóstico ou terapêuticos.

A radiação não ionizante deriva principalmente da luz solar e inclui os raios UV. A exposição à radiação UV representa um grande risco para vários tipos de cancro da pele, incluindo carcinoma baso celular, carcinoma de células escamosas e melanoma. Juntamente com a exposição aos raios UV da luz solar, a exposição aos raios UV dos solários para bronzeamento cosmético também pode ser responsável pela crescente incidência de melanoma.

Campos eletromagnéticos de baixa frequência podem causar danos no DNA. As fontes de exposição aos campos eletromagnéticos são as linhas de alta voltagem, transformadores, motores de comboios elétricos e, mais geralmente, todos os tipos de equipamentos elétricos. A exposição a campos eletromagnéticos representa um acréscimo no risco de vir a desenvolver cancros como a leucemia infantil, tumores cerebrais e cancro da mama.

Além disso, uma recente meta-análise de todos os dados epidemiológicos disponíveis mostrou que o uso prolongado diário de telemóveis durante 10 ou mais anos, representa um risco acrescido no desenvolvimento de tumores cerebrais.

Bibliografia:

Cancer is a Preventable Disease that Requires Major Lifestyle Changes https://link.springer.com/article/10.1007/s11095-008-9661-9